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Cura para a chatice

A revista ACM Communications de agosto nos trouxe a segunda parte de uma entrevista com Donald Knuth – que não deve necessitar de introduções.

Nela ele diz estar preocupado com o estado atual da programação. “Agora os programadores devem supostamente quase que só usar bibliotecas. Os programadores não estão permitidos a fazer mais suas próprias coisas a partir do rascunho”.

Em seguida: “Existem um conjunto de coisas no menu e você os escolhe e os coloca juntos. Onde está a diversão nisto? Onde está a beleza nisto? Nós temos que criar um jeito de fazermos a programação interessante para a próxima geração de programadores”.

Não sei quanto a vocês, mas tenho sentimentos conflitantes aqui. Sou de um tempo em que não existia muito e tínhamos que começar sempre do zero – o que era muito divertido. Software era (e ainda á) algo que leva muito tempo, muito trabalho e muita gente. Sonhamos com uma melhor produção de software - com menos esforço, com maior reuso, com menos bugs, etc. Será que ao caminhar nesta direção tornamos o mundo mais chato? Será que só estamos encontrando uma parede mais dura numa seqüência delas?

Sempre acreditei que a programação iria mudar com o tempo. Iríamos olhar menos para o umbigo da computação e mais para o universo de coisas a serem modeladas. Knuth parece ter uma esperança semelhante: “O conhecimento está explodindo. Até este ponto nós tínhamos tópicos e uma pessoa deveria identificar-se com o que chamo vértices de um grafo. Um vértice poderia ser matemática. Outro poderia ser a biologia...”. “Meu modelo do futuro é que as pessoas não se identificarão com vértices, mas com as conexões entre eles. Cada pessoa é uma ponte entre duas outras áreas, e elas se identificam pelas suas sub-especialidades para quais elas têm talento”.

Uma pequena contribuição: Tenho a esperança de que seremos a ligação de mais do que duas áreas.